Covid-19: efeitos colaterais e aparição da síndrome de Burnout

26/06/2024 14:23
Covid-19: efeitos colaterais e aparição da síndrome de Burnout

Aqui vai um alerta que, catarse ou não, também é uma confissão.

Ainda vão levar alguns bons anos até que a Organização Mundial de Saúde (OMS) consiga reunir e opinar sobre todas as sequelas, efeitos colaterais e depoimentos de pacientes sobre as manifestações da mente e do corpo após infecção pelo SARS-CoV, vírus da família do coronavírus.

O misterioso causador da Covid-19 e de uma pandemia que mudou o mundo, é um vírus causador de sintomas semelhantes em milhões de infectados e outros tantos efeitos colaterais e sequelas diagnosticados em escala superlativa nos quatro cantos da Terra.

Saúde mental 

Umas das ocorrências mais comuns de quem contraiu a patologia foram as chamadas “doenças do século”, depressão, ansiedade e estresse. Já os relatos de surtos psicóticos dos contaminados pelo vírus que veio da China chamaram ainda mais atenção pela quantidade e ocorrência até em grupos de familiares e moradores de vilarejos semelhantes, como aconteceu em Santarém, aqui no Pará.

A depressão, doença que mais torna pessoas inaptas em todo o mundo, atingiu famílias inteiras durante a pandemia e os casos da enfermidade durante e pós-Covid foram milhares (ou milhões) nos cinco continentes.

Se ela foi, durante e após a pandemia, uma consequência ou sequela da Covid-19, a doença também está na raiz de uma síndrome com reflexos no cérebro e na vida das pessoas: Burnout.

Reconhecida oficialmente (coincidência ou não) em 2022, após a pandemia, portanto, como uma doença ocupacional pela OMS, Burnout foi definida pela mesma organização três anos antes como uma síndrome resultante de estresse crônico no trabalho.

Quando a determinação entrou em vigor na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) dois anos atrás, a iniciativa abriu caminho para a realização de mais estudos e discussões sobre o tema.

Atualmente, a síndrome ocupa a 11ª posição na classificação estatística (CID-11) e está registrada na categoria “Problemas associados ao emprego ou ao desemprego" (doença ocupacional).

Desde então, não foram poucas as causas apresentadas como gatilhos para ser acometido pelo transtorno psíquico. A doença é caracterizada como de caráter depressivo, acompanhado de cansaços físico e mental extremos.

Sua origem pode ser o que muitas vítimas interpretam como o momento em que passam a se sentir alvos de fortes pressões emocionais por longo período de tempo relacionadas a um profundo respeito e comprometimento com seus empregadores e locais de trabalho. A situação leva ao limite do estresse com consequências mentais (psicológicas) e físicas.   

Origem

Burnout significa esgotamento em sentido cerebral, algo como “queimar-se” ou “combustão completa”. Seus primeiros estudos foram feitos pelo psicólogo alemão Herbert Freudenberger, nos anos 1970, nos EUA.

A expressão foi primeiramente usada para definir grandes atletas em final de carreira, incapazes de repetir seus feitos da época da melhor forma, do auge de cada um. As manifestações do distúrbio têm início no cérebro.

Aparição

Por acaso, em algum momento, se você sentir-se pressionado e esgotado no trabalho a ponto de pedir demissão, gesto precedido por pedidos de desligamento de fóruns da área em que atua em âmbitos local e nacional, efetivando as decisões e sendo diagnosticado com forte depressão e estado de angústia, desconfie de que você também foi acometido pela patologia.

Caso já tenha se desesperado ao olhar mensagens de whatsapp, estando contaminado pela Covid-19 ou não, e se sentido esgotado por demandas distintas que poderiam ter sido resolvidas por colegas de trabalho, este também pode ser mais um sinal, que se assemelha a outros em cada área de atuação profissional.

Ato contínuo, se apresentar outros sintomas identificados pela OMS, mas não primeiramente por algum médico psiquiatra, psicólogo ou analista, tais quais sinais de exaustão, fadiga e esgotamento físico e mental, estas são outras evidências da possibilidade dela ter batido na sua porta.

Burnout é uma síndrome relativamente nova. Com sintomas algo semelhantes às “doenças do século”, não tem sido rara a falta de diagnóstico certeiro durante a crise.  

Pois assim a Burnout apareceu e se instalou por aqui durante minha primeira e delicada infecção por Covid-19, em 2021, no pior momento da pandemia no Brasil, com decretação de novo lockdown e média de quatro mil mortes por dia.

Neste caso, ela veio junto com a “gripezinha” e acompanhada de depressão “grave” diagnosticada e atestada por dois psiquiatras. Junto com elas, 26 anos depois reapareceu um segundo surto de pânico e/ou transtorno bipolar (mania) e, last but not least, na esteira, uma derradeira hepatite medicamentosa tratada por infectologista e hepatologista.

Considerações finais

As doenças da alma, do humor e da mente nada têm de glamour ou insignificância. Suas consequências podem ser devastadoras, às vezes fatais. O lado bom é que algumas têm cura, incluídas essas doenças do século.

Transtorno e crise de ansiedade ou estresse, seus gatilhos, descobertas deles, tratamento e medidas salutares, como mudança de hábitos alimentares, podem mitigar e resolver as consequências de quem se vê diante dessas patologias e da síndrome em tela. 

O assunto rende diversos depoimentos e relatos como este na primeira pessoa. Fica aqui o reconhecimento da sua delicadeza. Como falamos de início, aqui vai este (modesto) alerta.

O presente depoimento contou ainda com informações contidas no livro “Como enfrentar o Burnout”, da Coleção Saúde da Mente. A publicação reuniu e editou depoimentos de consultores das áreas de psiquiatria, psicologia, psicanálise, terapias alternativas e especialistas de outras categorias.

Se você acredita na sorte, a nossa foi contar com um local de trabalho ao qual você se sentiu grato pela oportunidade desde o primeiro dia e assim se manteve em toda a sua estada nele.

Some a isso uma chefe com coração de mãe e sua equipe de cristãos capazes de dispensar aos enfermos (não somente eu) acolhimento, zelo, apoio, cuidado, carinho, atenção e torcida por uma plena recuperação.

Gestos nobres que significaram meio caminho andado para uma volta à rotina com fé, saúde e esperança renovadas, gratidão no coração e a alma aliviada. 

Este texto continua.

 

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